
Sobre nós
O Organizações Outras (O2) é um grupo de pesquisa, registrado no diretório do CNPq, vinculado ao Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Gestão Pública e Sociedade do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), campus Varginha, Minas Gerais, Brasil. O grupo tem um perfil interdisciplinar, reunindo pesquisadores de diversas áreas, incluindo Administração Pública, Sociologia, Antropologia, Direito, Economia e Física. Nosso objetivo é produzir conhecimento científico e ações transformadoras capazes de promover novas dinâmicas de desenvolvimento alicerçadas em sociedades capazes de preservar/regenerar os ecossistemas; de aumentar a equidade social, a diversidade, a resiliência, a tolerância e a solidariedade humanas; de reduzir a dependência do uso de carbono; e de ampliar a produtividade (ecoeficiência), garantindo necessidades humanas básicas. É fundamental colocar a ética no lugar central das decisões sobre o uso dos recursos materiais e energéticos empregados nos processos produtivos e na organização do trabalho. É urgente pensar a atividade econômica como parte de um processo regenerativo do tecido social e ecossistêmico. Esses são chamados globais que inspiram a atuação do grupo.
Propósito - promover uma nova visão planetária, inspirar ações transformadoras
O2 se constitui como um espaço de aprendizagem focado em conhecimentos e reflexões sobre visão de mundo e ações transformadoras para promoção de uma sociedade alicerçada no bem-estar, na diversidade, justiça e dignidade social, na redução da desigualdade, no fortalecimento das capacidades e liberdades individuais, na promoção de uma cultura humana pacífica e regenerativa, e no alinhamento entre sistemas sociais e biogeofísicos. Atuamos como um plataforma indutora de ações, intervenções e interações locais, como educadores e agentes de transformação social e facilitadores para co-criação de pensamentos e práticas.
Em busca de novas práticas - unindo-se a pesquisadores, ativistas e cidadãos interessados em construir uma nova práxis para a transformação global-local
Inspirados na história, competência e ousadia do Tellus Institute, e em sua A Great Transition Initiative (GTI), gostamos de nos ver como uma nascente comunidade de troca de conhecimentos, ideias e realizações , que tece, gradativamente, uma rede nacional e internacional para a exploração crítica de conceitos, estratégias e visões para uma transição para um futuro de vidas enriquecidas. Ao aprimorar o discurso acadêmico e a conscientização pública sobre tais temáticas, pretendemos contribuir para uma nova práxis para a transformação global.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
Para que a humanidade possa caminhar a partir de um modelo de desenvolvimento justo e seguro (Raworth, 2018), faz-se necessário que um conjunto de saberes e práticas sejam descobertos, aperfeiçoados, recriados e aplicados nos níveis local, regional, nacional e global nas áreas de educação, indústria, transporte, infraestrutura, distribuição de energia, gestão da água, nos sistemas alimentar, de saúde, social, político, etc. Muito provavelmente, a civilização humana não fará essas transformações sem questionar sua própria maneira de pensar, sua visão de mundo e sistemas de valores. Isso leva alguns pesquisadores a dizer que estamos diante de uma crise de percepção (Capra, 2015), além naturalmente dos desafios ambientais, econômicos, sociais e políticos, facetas da crise atual bem mais comentadas e publicizadas.
Diante desse delicado, desafiador e instigante contexto global, surgem várias iniciativas, acadêmicas ou não, de legitimidade internacional, que sugerem temas emergentes para uma agenda de pesquisa voltada para a transição em direção a uma sociedade sustentável. Dentre tais iniciativas, há a Gaia Education, vinculado ao Global Ecovillage Network (GEN), com sede na Escócia. A instituição Gaia Education trabalha com educação para sustentabilidade, sendo uma iniciativa reconhecida pela UNESCO como aceleradora dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), e desenvolveu um framework de 4 dimensões (vide figura abaixo) que sintetiza (alguns) temas emergentes e serve como referência para o programa de pesquisa de nosso grupo:
Esse framework 4D é uma referência básica. Buscamos incluir temáticas e abordagens epistemológicas provenientes dos campos de conhecimento dos pesquisadores que integram o grupo, a fim de potencializar nossos projetos. Por exemplo, na dimensão Visão de Mundo, pode-se acrescentar como objeto de estudo os recentes avanços, iniciados no século XX, do campo de estudos interdisciplinar (ou transdisciplinar) chamado Ciência do Sistema Terra. Um dos grupos vinculados a esse emergente campo, o Stockholm Resilience Centre, é responsável pela elaboração de um framework conhecido como Limites Planetários (ou Fronteiras Planetárias), que consiste num mapeamento das principais funções ecossistêmicas exercidas pelo planeta para assegurar as condições biogeofísicas do desenvolvimento humano e na quantificação dos riscos de disfunção e falha de cada uma delas. Iniciativa posteriormente enriquecida pelo trabalho da economista Kate Raworth, que acrescentou a esse modelo os limites sociais mínimos para garantia de uma vida justa. Na dimensão Econômica, pode-se incluir a crítica histórica ao desenvolvimento – e à própria consolidação da Economia como ciência moderna, cuja obra de Karl Polanyi é uma referência relevante – como ideologia colonialista, extrativista, patriarcal, debate que nos leva para as abordagens pós-coloniais (Boaventura de Sousa Santos; Arturo Escobar; etc.), aplicadas ao desenvolvimento econômico e vários outros campos, cujo reflexo na América Latina pode ser observado na contínua retomada de propostas alternativas ao pacote desenvolvimentista importado do Velho Mundo, dentre elas o Bem Viver, o Ecofeminismo, Economia Solidária, etc. Na Europa, esse debate manifesta-se nas propostas de decrescimento e desglobalização, dentre outras. Enfim, vários outros importantes objetos de pesquisa podem ser acrescentados aqui. Cabe também mencionar outros dois frameworks de referência para nosso grupo: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o International Futures Forum (IFF).
Ou seja, a agenda da sustentabilidade proposta pelos ODS, Gaia Education, Tellus Institute, Centro de Resiliência de Estocolmo, IFF e tantos outros, mescla-se a uma velha agenda das Ciências Sociais e Humanas, gerando um campo fértil de pesquisas que tem como mote a descoberta de caminhos para a conquista de uma vida humana digna e segura no planeta Terra, alinhada às formas de vida não humanas.